Volta completa em Ilha Grande (dia 1): De Abraão até Japariz

O início de uma aventura épica ao redor da ilha mais paradisíaca do Rio de Janeiro


Eu já havia visitado um pouco da Ilha Grande, conhecia Palmas, Lopes Mendes e fiz a trilha Abraão x Dois Rios, mas há muito tempo eu planejava algo maior: fazer a volta completa na ilha andando e acampando pelo caminho. Mesmo com esse objetivo na cabeça, me faltava tempo suficiente para cumprir o planejamento. Foi então que consegui uma folga grande e não pensei duas vezes: peguei a mochila e parti! Dessa vez, dois amigos resolveram se arriscar juntos comigo nessa aventura no meu melhor estilo.


COMO CHEGAR?

O meu dia começou 3h30 da manhã para seguir no carro de um amigo até o município de Mangaratiba, o ponto mais próximo à cidade do Rio de Janeiro para pegar a barca com destino à Ilha Grande, cerca de 100 km. Os outros dois pontos são Conceição do Jacareí (130 km) e Angra dos Reis (160 km). A viagem até Mangaratiba demora cerca de 2 horas desde o centro do Rio, com trânsito bom.

Opções de transporte para Ilha Grande (clique para ampliar)


Seguindo de carro pela Avenida Brasil: Siga até o final da Av. Brasil. No fim do percurso, na altura do bairro de Santa Cruz, chega-se ao início da Rodovia Rio-Santos (BR-101), logo após um posto da Polícia Militar. Siga pela Rio Santos até Mangaratiba ou Angra dos Reis.

Seguindo de carro pela Barra da Tijuca: siga pela Avenida das Américas até o Recreio dos Bandeirantes. Após passar pelo túnel, continue em direção reta até o centro de Santa Cruz. Atravesse a via férrea e siga em direção a Av. Brasil. Logo a seguir você pegará a BR 101 passando por toda a região da Costa Verde até Mangaratiba ou Angra dos Reis.

Mangaratiba é a opção mais próxima da cidade do Rio de Janeiro para embarcar


Chegando de carro em Mangaratiba, existem vários estacionamentos particulares próximos da área das barcas. Deixamos o carro no Estacionamento do Bigode (tel: 999335517), na rua atrás da praça, que começou cobrando R$ 15, mas conseguimos baixar para R$ 10 a diária (seriam 6 diárias).

Um dia nublado e ameaçando muita chuva


Era um dia nublado e com previsão de chuva, mas isso não iria impedir de cumprir essa missão. Comprei o ticket da barca por R$ 15,00 e às 8h00 já estava embarcado em direção à ilha. Tomei café da manhã no caminho, um pão com queijo e mortadela acompanhado de iogurte que compramos no Supermarket em frente à praça de Mangaratiba. 

O percurso da barca tem 23,5 km e o tempo de viagem é de 1h20min a 1h40min


Café da manhã improvisado e barato no banco da barca


CHEGADA EM ABRAÃO

Às 9h20, desembarquei na Vila de Abraão e comecei o trajeto seguindo pelo caminho da direita. O planejamento era fazer a volta na ilha no sentido anti-horário. Depois de andar por alguns minutos, se chega numa bifurcação com uma placa do Circuito Abraão. Essas trilhas têm cerca de 2 km e são fáceis de andar. Seguindo pela direita, está a Praia Preta, algumas piscinas naturais e pelas ruínas do Lazareto, uma antiga construção que já foi hospital de quarentena e depois presídio. Mas meu itinerário seria pela esquerda.

Desembarque na estação das barcas em Abraão


Bem perto da Vila de Abraão, a natureza já se mostra presente


AQUEDUTO DE ABRAÃO

O caminho da esquerda da bifurcação segue subindo, passa por pedras e cursos d´água, e chega nas ruínas do antigo aqueduto de Abraão, construído por ordem do Imperador D. Pedro II para abastecer o Lazareto. A água vinda do córrego do Abraão tinha uma vazão de 1.000 litros por hora.

A água era canalizada para o Lazareto usando a tecnologia dos aquedutos


O aqueduto possui 125 m de comprimento e 30 m de altura


Foi construído por escravos em 1893, com pedras esculpidas e óleo de baleia 


CACHOEIRA DA FEITICEIRA

A trilha continua passando entre os arcos do aqueduto até a próxima atração. Basta seguir a trilha que sobe até chegar numa parte bem íngreme, passando por uma encruzilhada com placas indicativas da praia e da cachoeira da Feiticeira. Enfim se chega na Cachoeira da Feiticeira, um lugar com pouco espaço para nadar, mas bem tranquilo para meditar.

Caminho por entre os bambuzais


Placas indicando a direção das atrações por perto


A Cachoeira da Feiticeira possui cerca de 15 m de altura


Uma trilha sobe do lado esquerdo da cachoeira. Está interditado por ser perigoso. Eu ignorei, caí e ralei a perna!


PRAIA DA FEITICEIRA

Voltando para a encruzilhada, a trilha agora desce em direção ao mar, passando por um bambuzal e jaqueiras. A Praia da Feiticeira, além da beleza, possui serviço de táxi boat para quem cansou e quer voltar para sua pousadinha em Abraão (não era meu caso), com saídas de 12h00 às 16h30, a cada 30 min.

A Praia da Feiticeira e suas águas esverdeadas


ENSEADA DAS ESTRELAS

Foi voltando da Praia da Feiticeira que começou o primeiro perrengue que acabou atrasando o roteiro. Não achei a trilha certa que segue para dar a volta na ilha, e acabei entrando numa Propriedade Particular (primeiro ensinamento: se tiver placa com esse aviso, significa que não é por ali). Cheguei numa mansão à beira mar. Um rapaz, que parecia ser o caseiro, me indicou o caminho certo. Então atenção: para pegar o caminho certo, deve-se voltar a trilha em direção ao bambuzal e ficar atento para a primeira trilha à direita, não é muito marcada, mas é aberta. A próxima é a Praia do Iguaçu (praia deserta, em frente a uma propriedade particular) e depois começa a Enseada das Estrelas.

A longa e estreita faixa de areia da Enseada das Estrelas


A Enseada das Estrelas é composta por três praias: Camiranga, Fora e Perequê. Quase no final da Praia de Fora, a trilha segue por dentro da ilha, num caminho que passa por uma vila de pescadores até cruzar um rio pela ponte de Perequê. 

Na Praia de Camiranga existem algumas casa na beira mar


Um riacho divide as praias de Camiranga e Fora. É melhor tirar a bota para atravessar essas praias


Depois da Praia de Fora, o caminho segue pelo meio da vila


A Ponte de Perequê cruza um riacho pedregoso


SACO DO CÉU

Em alguns metros depois da ponte, já no litoral do Saco do Céu, a trilha passa por um pequeno bar restaurante chamado Gruta das Estrelas onde foi a parada para o almoço. Essa foi a primeira amostra dos altos preços de comida na ilha, o prato feito custava em torno de R$ 30!!! Pedi apenas uma porção de gurjão de frango (R$ 20) para recarregar as energias. 

Mais um belo lugar de paz escondido na Ilha Grande


A Saco do Céu é um conjunto de pequenas praias habitadas por famílias de pescadores


São águas tranquilas protegidas do mar, naquilo que forma o "saco"


Depois de descansar e comer (isso, nessa ordem), a caminhada continua para tentar chegar ao destino antes de anoitecer. A trilha passa por uma ponte de madeira do lado direito, e depois por estreitas ruas por entre as casas dos pescadores. O caminho vai pela Praia de Guaxuma e pela Praia do Funil, onde existe um campo de futebol. Preste a atenção nos cabos de energia para saber o caminho certo.

Depois do restaurante, a trilha segue pela ponte de madeira à direita


Muitos barcos na estreita Praia do Funil


PRAIA DE JAPARIZ

Estava começando a ficar escuro e o último percurso do dia era cansativo, uns 2 km de subida e descida. Depois de quase desistir e acampar pelo caminho, enfim cheguei na Praia de Japariz. O sol se pôs e fomos perguntar sobre local para acampar. Logo, houve a indicação do Restaurante Barulho do Mar, que cobrou apenas R$ 15 para montar a barraca debaixo da cobertura do bar. Ofereceram também o aluguel de um quarto por R$ 25, com banho quente, mas preferi economizar na minha barraca. Um dos meus amigos se rendeu ao quarto, então consegui usar o banho quente também (rs). Depois de comer um sanduíche X-Ilha (R$ 11) e tomar um latão (R$ 7), me recolhi à barraca. Caiu uma chuva braba de noite, ainda bem que não desistimos pelo meio do caminho.

Mais uma longa caminhada antes de chegar em Japariz


A noite toda ouvindo o barulho do mar, por isso o nome do restaurante faz jus


MAPAS

Mapa de Ilha Grande (clique para ampliar)


Mapa da trilha do primeiro dia de caminhada (clique para ampliar)


VEJA O VÍDEO

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MEU ROTEIRO

Roteiro completo: ILHA GRANDE


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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.