Namíbia: O que fazer no país em 5 dias com dicas e custos

Roteiro e dicas exclusivas para o planejamento de uma viagem à esse lugar tão exótico



A Namíbia é um país recente, teve sua independência da África do Sul apenas em 1990 e aos poucos vem crescendo como opção de turismo pelo continente africano. Um dos pontos positivos é ser um país pacífico, sem conflitos internos e bem receptivo aos estrangeiros, já o ponto negativo seria a pouca infraestrutura no seu imenso território, em grande parte desértico, com uma população de apenas 2,2 habitantes por km2 (para se ter uma ideia, o Brasil tem aproximadamente 10 vezes o tamanho da Namíbia e possui cerca de 23 habitantes por km2). Seu idioma oficial é o inglês.

Chegada no aeroporto de Windhoek, capital do país


COMO PLANEJAR A VIAGEM?

Planejar um mochilão pela Namíbia não foi tarefa fácil. Eu tive pouco tempo para pesquisar e a maioria das informações e os poucos blogs em português, apesar de descreverem as atrações existentes, não deixavam clara a logística utilizada nesses pontos. Por isso, vou tentar dar algumas dicas para facilitar a vida de quem está na mesma situação.

A Namíbia surpreende pela natureza exótica e pelas cidades bem organizadas


A primeira dica é que a melhor maneira de viajar pela Namíbia é partindo de sua bem estruturada capital Windhoek (se pronuncia "vínduk"). Estima-se que ali se concentra um oitavo (ou 12,4%) da população total do país. Para chegar lá a partir do Brasil, as opções mais rápidas são vôos para Angola e África do Sul, vizinhos da Namíbia, com empresas como a South African Airways, LATAM e TAAG. A partir da Angola / África do Sul, é possível voar de Air Namibia para a capital, como foi o meu caso. O aeroporto de Windhoek fica a cerca de 40 km do centro urbano. 


Windhoek é uma cidade limpa e com uma excelente infraestrutura



A segunda dica é como se deslocar pelo país, aí vem uma informação importante: o transporte público é quase inexistente. É impossível viajar pelos pontos de interesse desse jeito. Existem 3 maneiras básicas para visitar as atrações do país:

1) SELF DRIVE - Consiste em alugar um carro e utilizar mapas para chegar nas atrações (Avis, Hertz, etc.). Essa é a maneira mais barata de transporte, porém propícia ao perrengue (no caminho, conheci um brasileiro que teve um pneu furado dirigindo nessas estradas). As estradas são bem sinalizadas e fáceis de dirigir pois o terreno é quase sempre plano. Asfalto somente nas imediações das cidades e no interior são vias de terra e pedras, um pouco mais complicado. O motorista deve portar a PID (Permissão Internacional para Dirigir), apesar de eu ter conhecido pessoas que dirigiram apenas com a CNH brasileira e não foram paradas pela polícia, aliás, só vi postos de fiscalização nas entradas de Windhoek, mas que não paravam motoristas em carro de passeio. Outro detalhe a ser considerado: as vias obedecem à mão inglesa.

 Algumas estradas são rústicas e empoeiradas, mas bem sinalizadas


2) PRIVATE TOUR - Contratar um motorista para dirigir pelas estradas, com carro próprio ou alugado. O combustível pode ser incluso no valor contratado ou não, tendo a vantagem da flexibilidade no roteiro. Também é necessário arcar com as despesas de alimentação e hospedagem do motorista. Eu fiz os dois primeiros dias do meu roteiro com o Ino, o namibiano que acabou se tornando um amigo. Para quem se interessar, pode fazer contato (em inglês) e combinar um private tour com ele pelo Whatsapp +264812863631 ou pelo Facebook neste link.

Private tour para chegar em locais não convencionais como Twyfelfontein


3) TOUR EM GRUPO - Tour com datas pré-definidas e feitas em grupo, normalmente ônibus ou vans. A agência de tour já define o local para a hospedagem e alimentação que costumam ser inclusos no preço. Não se tem preocupação com detalhes, basta seguir o fluxo e o guia. Não gosto muito desse tipo de tour "amarrado", mas em algumas situações costuma ser a maneira mais prática de se visitar determinada atração.

Passeios em grupo mais comuns


👉DICA: Agora vem a dica de ouro! Como disse anteriormente, eu tive pouco tempo nos preparativos da viagem e saí do Brasil sem reservar quase nada. A minha sorte foi ter conseguido o contato da Gina, uma brasileira que vive na Namíbia e possui uma agência de turismo chamada Brazuca Travels. Troquei mensagens com ela pelo Whatsapp (+264812661339) e ela resolveu tudo para mim (transfer do aeroporto, hospedagem, private tour, Sossusvlei Safari, etc.). Mais tarde em Windhoek, a conheci pessoalmente, me passado várias informações sobre o país. Recomendo entrar em contato também pelo Instagram @brazucatravels. Pode falar que foi indicação do Renan do blog A Mochila e o Mundo 😉.


ONDE FICAR?

Em Windhoek, fiquei hospedado com excelente custo-benefício no Chameleon Backpackers & Guesthouse, tudo reservado pela Gina como expliquei acima. Para quem vai se aventurar sozinho pelo interior do país, uma opção econômica é ficar em acampamentos no caminho das atrações, possuindo estrutura de camping com banheiro (água quente de aquecedor) e cozinha. São abundantes e fáceis de achar. É possível levar seu próprio equipamento (barraca de camping, saco de dormir, etc) ou alugar uma Tent (barraca grande, com cama).

Chameleon Backpackers & Guesthouse


Interior de uma "Tent" que pode ser encontrada nos campings


O QUE FAZER EM 5 DIAS?

Eu tive tempo disponível para apenas 5 dias completos na Namíbia (cheguei um dia antes e fui embora um dia depois) e priorizei a exploração naquelas atrações que são as mais exóticas do país. Por exemplo, não fui no Etosha Park (o melhor game park namibiano) porque eu já iria fazer safári em Botsuana e na África do Sul. Veja abaixo um resumo das atrações por onde passei:


DIA 1

Cheguei na noite do dia anterior e saí pela manhã com um private tour para a área de Otjikandero, onde está localizada uma aldeia da Tribo Himba. O relato completo deste dia está no post Encontro de culturas na Tribo Himba.

Contato de diferentes culturas na tribo Himba


DIA 2

Seguimos por vários quilômetros, a maior parte em de estrada de terra, para chegar numa área mais inóspita em que existe o sítio arqueológico chamado Twyfelfontein. No final do dia retornamos à capital Windhoek para pernoite. O relato completo deste dia está no post Imagens do passado nas pedras de Twyfelfontein.

Centenas de desenhos rupestres preservados no clima seco do deserto


DIA 3 e 4

A parte mais esperada e exótica da viagem ocorreu através de um tour de duração de 3 dias para o deserto da Namíbia, na exótica região de Sossusvlei. O relato completo destes dias está no post 3 dias de exotismo no deserto de Sossusvlei.

O exótico Deadvlei e suas árvores petrificadas


DIA 5

No quinto dia, além do retorno da região de Sossusvlei, aproveitei o final da tarde para dar uma volta nas ruas e conhecer as belezas da capital Windhoek. A Gina marcou num mapa um roteiro de walking tour e segui andando a partir do hostel. Primeiro passei pela construção histórica onde se localiza o Craft Centre (artesanatos) e depois subi a rua até a principal atração arquitetônica da cidade: a Christuskirche.

Mercado de artesanatos


A Christuskirche (Igreja de Cristo) é uma igreja luterana


O relógio, os sinos e parte do telhado vieram da Alemanha


O pórtico foi feito de mármore carrara importado da Itália


Sua construção foi concluída em 16 de outubro de 1910


Localizado ao lado da catedral está o Independence Museum que celebra a independência do país em 21 de março de 1990. Funciona de 9h às 17h (sab-dom abre às 10h). Na sua frente se encontra uma estátua de Sam Nujoma, o primeiro presidente da Namíbia segurando sua constituição. Foi ali que eu encerrei a jornada assistindo o pôr-do-sol por entre os prédios da cidade de Windhoek.

Estátua do primeiro presidente da Namíbia em frente do Museu da Independência


Final de tarde apreciado a partir do Independence Museum


OUTRAS ATRAÇÕES

Parque Nacional Etosha - É um game parque famoso pelas centenas de espécies que abriga, incluindo algumas ameaçadas de extinção como o rinoceronte-negro. Localizado a noroeste do país.

Opuwo - Local de origem da tribo Himba e cuja cultura está mais preservada se comparada às demais aldeias. Localizado no norte do país.

Skeleton Coast Park - Faixa de litoral cujo nome deriva da grande quantidade de ossos de baleias e de focas dispersos nas praias, além de carcaças de embarcações naufragadas que se mantém intactas por ser uma região deserta. A principais cidades dessa região são Torra Bay, Walvis Bay e o balneário Swakopmund.

Fish River Canyon Park - Uma formação de cânions, no sul do país, quase na divisa com África do Sul.

Deserto de Kalahari - Região desértica localizada à oeste do país e que divide suas terras com Botsuana. 


6 INFORMAÇÕES ÚTEIS

1) FUSO HORÁRIO: São 4 horas a mais que no Brasil (Brasília), exceto de setembro a abril quando acontece o horário de verão na Namíbia. Veja o horário com precisão neste link.

2) DINHEIRO: A moeda oficial do país é o Dólar Namibiano que possui a mesma cotação do Rand sul-africano. Me assustei quando cheguei no aeroporto de Windhoek e fui sacar no caixa ATM, saindo apenas cédulas de Rand. Depois descobri que ambas as moedas são aceitas no país. Na época que estive na Namíbia, a cotação era de R$ 1 para cada 4 Dólares Namibianos. Simule a cotação atual neste link.

3) SEGURANÇA: Evitar andar à noite nas ruas dos centros urbanos é uma forma de evitar problemas. Também ouvi falar de falsos taxistas, principalmente no aeroporto, que podem roubar suas bagagens. Recomendações normais sobre a segurança que não são diferentes daquelas para viajar para qualquer grande cidade do Brasil.

Viatura da polícia namibiana


4) ANIMAIS NA PISTA: Fora dos centros urbanos o problema com a segurança são os animais, seja pelos predadores selvagens ou mesmo por aqueles que atravessam as estradas, podendo provocar acidentes de trânsito. Recomenda-se não dirigir nas estradas à noite.

Placa sinalizando javali selvagem


5) TOMADAS: É o mesmo modelo de plug utilizado na África do Sul, o que requer adaptadores para nós brasileiros. Podem ser achados nos aeroportos ou mercados. Veja abaixo o modelo:
Plug de tomada comum na Namíbia


6) GRUPO DE WHATSAPP: Para tirar dúvidas e obter mais informações, existe um grupo de Whatsapp formado com pessoas que vão viajar ou estão viajando pela África. Basta entrar no link https://chat.whatsapp.com/AdGlMox92QN8DJhuiqKsKV no seu smartphone.


CUSTOS (abril 2017)

- Passagem Air Namibia (Cape Town x Windhoek) - R$ 600
- Transfer Aeroporto + Private Tour 2 dias - N$ 2.900
- Adaptador de tomada - N$ 39
- Pack 6 cervejas long neck - N$ 96
- Água 10 L + biscoito - N$ 91
- Gasolina 1 - N$ 104*
- Almoço self service - N$ 80
- Compras mercado p/ 2 dias - N$ 184,65
- Banheiro - N$ 2
- Camping (Tent) - N$ 250*
- Gasolina 2 - N$ 97*
- Compras mercado - N$ 100
- Entrada Twyfelfontein - N$ 60
- Gasolina 3 - N$ 238,30
- KFC - N$ 45
- Gasolina 4 - N$ 177,35
- Sossusvlei Safari - N$ 4.540
- Compras mercado - N$ 45
- 2 chopps no deserto - N$ 54
- Água 5L - N$ 40
- Lanche de almoço - N$ 40 
- Balada em Windhoek (entrada grátis + long neck a N$ 15) - N$ 100
- Chapéu novo - N$ 700

Total: N$ 12.278,65 (aproximadamente R$ 3.000)

* valores que eu paguei após dividir o preço total com um amigo


MEU ROTEIRO


Roteiro completo: MISSÃO SUL DA ÁFRICA

Próximo: TRIBO HIMBA

Comentários

  1. Ligando para os contatos e falando da indicação hoje... valeu..
    estava preocupado com a minha programação na namibia....rs

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  2. Qual o custo médio do motorista de private tour? Estou tendo um aperto pra planejar minha viagem hehe

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  3. Olá, Renan,
    Estou na Namíbia e contratei Jonas Ino para guiar-nos, a partir de seu post sobre a Namíbia.
    Ele me pediu para conseguir seu telefone, porque ele não o tem mais e gostaria de entrar em contato com você.
    Poderia enviar para o meu e-mail, por favor?
    Grato!
    Edilson Queiroz.

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    Respostas
    1. Me passe o contato do Jonas, por favor. Se tiver mais alguma dica ou contato pode compartilhar por aqui também, roteiro embrionário ainda...

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  4. Por favor, me passe o contato do Jonas Ino.
    O link do grupo de whatsapp está desativado, se souber de algum outro pode passar por aqui também.
    Obrigada

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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.